sexta-feira, 25 de junho de 2010
back home...
Chegamos a Londres - na casa dos nossos queridos amigos Ligia e Bimbo - cansados e felizes depois de uma longa viagem desde Mumbai. Chegamos à mesma casa de onde tínhamos saído rumo a oeste em dezembro do ano passado. Para nossa sorte (e o azar dela) a Ligia deu uma joelhada em uma van e terá que ficar o dia inteiro com a gente, jogados no sofá na frente da TV, sem nem pensar em sair de casa.Depois de carregar a casa nas costas e dormir em tantos lugares diferentes temos novamente a sensação de estarmos em casa.
Antes de botar um ponto final em nosso diário de bordo - e partirmos para uma nova aventura na Paraíba - não podemos deixar de lembrar das muitas pessoas que nos receberam, abriram seus quartos, suas casas e principalmente seus braços, muitas das quais não conhecíamos. Obrigado e esperamos a todos no Brasil.
terça-feira, 22 de junho de 2010
Índia
Entre a cruz e a espada: do casamento indiano ao Kharma Yoga
Fomos recebidos em Mumbai com enorme carinho por nosso amigo indiano Harsh e sua família. Eles nos buscaram (as 04h00min da manhã) no aeroporto; nos cederam um quarto num delicioso apartamento no norte de Mumbai; e o Mebu, o simpático e prestativo motorista muçulmano da família junto com a Suba, a espetacular cozinheira, ficaram a nossa completa disposição. Tivemos tanta sorte nestes primeiros dias que fomos até mesmo convidados para o casamento de uma prima da família, aonde tivemos que ir com roupas tradicionais emprestadas. A pesar de termos entendido pouco do complexo ritual que dura normalmente entre 03 e 05 dias de completa orgia gastronômica, ficou evidente a importância que o evento matrimonial tem para a família indiana. E se deve entender por família indiana uma complexa rede de tios, primos e amigos.
Depois desse nosso conto de fadas hindu com ar condicionado (ou melhor, Jainí, já que essa era a religião da família que nos hospedou), nossa vida mudou radicalmente e tivemos que novamente por a surrada mochila nas costas e tomar o caminho rumo ao sul. 31 horas depois, passadas em um velho trem repleto de baratas, chegamos a Trinvamdrum, no estado de Kerala. Um lugar que, juro, tem mais coqueiros que o Nordeste brasileiro.
Convencido pela Juliana, nós nos enfurnamos em uma espécie de quartel general de Yoguis, um Ashram: acordávamos às 50h20min todas as manhas com um sino acompanhado de uma espécie de canto gregoriano em híndi; ritual que precedia 1 hora de meditação e logo mais 2 duras horas de Yoga; lá pelas 10h nós almoçávamos (no mesmo horário que minha avó), porém, com as mãos, sentados no chão e obviamente comida vegetariana (na verdade já nem nos lembramos mais do gosto de carne). A tarde a rotina se repetia interrompida apenas por um tal de Karma Yoga, algo que poderia ser traduzido por “trabalhos forçados diários em favor do próximo”. Às 8h da noite eu voltava para o quarto, que mais se parecia a um cela monástica, com dores –oriundas dos malabarismos yóguicos – em músculos que nem imagina existirem. Como podem imaginar a Juliana adorou tudo!
Hampi
Depois do Ashram começamos a subir pelo interior do país retornando em direção a Mumbai e dividindo às 31 horas entre 4 ou 5 destinos. Um dos lugares mais interessantes foi Hampi, uma curiosa cidade que ocupou as ruínas do antigo Império hinduísta de Vijayanagara que dominou 1/3 do território atualmente ocupado pela Índia entre o século XIV e XVII. A pequena cidade parasita é rodeada por uma incrível paisagem pedras e ruínas de um período glorioso.
O último país
A Índia foi o último país pelo qual passamos e sem dúvida é o mais intenso entre todos. Mais colorido, mais fedido, mais apimentado, mais musical, mais pobre, mais populoso e com direito a uma longa e larga lista de etecéteras, provavelmente mais negativos que positivos. Entretanto, é essa intensidade exacerbada e elevada a enésima potência que faz com que percorrer o país seja tão radicalmente interessante.