quinta-feira, 29 de abril de 2010
Boris “o lutador”
Foram necessárias aproximadamente 24 horas até chegarmos à pequena Ilha de Lipe (Ko Lhipe), um árduo périplo usando diferentes meios de transporte: ônibus, caminhonete, minivan, taxi, barco, etc. A viagem começou com um excelente ônibus com ar condicionado, DVD, cadeira realmente reclinável e alguns amigos, entre eles, um italiano, filho de russos, lutador de vale tudo e apresentador de TV em Roma, o único de todo o ônibus com quem compartilhávamos o mesmo destino. Boris – o amigo lutador – estava morando na Ilha de Lipe e tinha ido até Bangkok para comprar luvas e um saco de boxear.
A noite passou com relativa tranquilidade até que 13 horas depois tivemos que descer do ônibus e, apenas com um pequeno adesivo escritor “Trang” – nosso provável primeiro destino –, puseram-nos junto com Boris “o lutador” na caçamba de uma caminhonete. 40 minutos mais tarde trocamos a caçamba por uma minivan com música tailandesa no último volume, mas antes fomos convencidos de comprar passagens do “último” barco daquele dia, que sairia as 14h00min. Depois de outra hora mais recolhendo a uma dezena de tailandeses espalhados por toda a cidade (que não sabíamos qual era) pegamos novamente a estrada com destino, em teoria, a “Trang”, nome que figurava em nosso adesivo/ passagem. Depois de outras três horas de viagem – já somávamos um total de aproximadamente 18 horas – percebemos que tínhamos passado todas as entradas de todas as possíveis cidades de onde o barco poderia sair, e o que é pior, estávamos do outro lado da costa, ao menos a 2 horas do nosso destino. Cinco minutos depois de termos tentando convencer o motorista de que não chegaríamos a tempo caso ele não voltasse, ele parou o veículo numa enorme rodoviária e nos entregou a outro homem que, supostamente, nos levaria até “Pak Bara” (Trang já tinha ficado muito para trás) de onde sairia nosso barco.
A essa altura, depois de perceber a desaparição do nosso ultimo motorista e a informação do nosso próximo de que não daria para chegar a tempo até o barco, entendemos que tínhamos caído em um dos “contos” mais famosos da Tailândia: quando o viajante, impossibilitado de chegar ao destino devido ao ilógico sistema de “transporte integrado”, é obrigado a dormir no único – e caro – hotel da remota cidade.
Quando a situação parecia já definida e nós nos olhávamos resignados, eis que surge Boris, o lutador de vale tudo, jogando o saco de boxear no chão com as veias saltadas e gritando, em italiano, exigia um taxi e que o barco nos esperasse. Nessa mesma noite – e devemos isso ao Boris “o lutador” – nós jantamos, os três, um excelente peixe assado em um simpático restaurante com os pés na areia de uma das praias de Ko Lhipe.
A noite passou com relativa tranquilidade até que 13 horas depois tivemos que descer do ônibus e, apenas com um pequeno adesivo escritor “Trang” – nosso provável primeiro destino –, puseram-nos junto com Boris “o lutador” na caçamba de uma caminhonete. 40 minutos mais tarde trocamos a caçamba por uma minivan com música tailandesa no último volume, mas antes fomos convencidos de comprar passagens do “último” barco daquele dia, que sairia as 14h00min. Depois de outra hora mais recolhendo a uma dezena de tailandeses espalhados por toda a cidade (que não sabíamos qual era) pegamos novamente a estrada com destino, em teoria, a “Trang”, nome que figurava em nosso adesivo/ passagem. Depois de outras três horas de viagem – já somávamos um total de aproximadamente 18 horas – percebemos que tínhamos passado todas as entradas de todas as possíveis cidades de onde o barco poderia sair, e o que é pior, estávamos do outro lado da costa, ao menos a 2 horas do nosso destino. Cinco minutos depois de termos tentando convencer o motorista de que não chegaríamos a tempo caso ele não voltasse, ele parou o veículo numa enorme rodoviária e nos entregou a outro homem que, supostamente, nos levaria até “Pak Bara” (Trang já tinha ficado muito para trás) de onde sairia nosso barco.
A essa altura, depois de perceber a desaparição do nosso ultimo motorista e a informação do nosso próximo de que não daria para chegar a tempo até o barco, entendemos que tínhamos caído em um dos “contos” mais famosos da Tailândia: quando o viajante, impossibilitado de chegar ao destino devido ao ilógico sistema de “transporte integrado”, é obrigado a dormir no único – e caro – hotel da remota cidade.
Quando a situação parecia já definida e nós nos olhávamos resignados, eis que surge Boris, o lutador de vale tudo, jogando o saco de boxear no chão com as veias saltadas e gritando, em italiano, exigia um taxi e que o barco nos esperasse. Nessa mesma noite – e devemos isso ao Boris “o lutador” – nós jantamos, os três, um excelente peixe assado em um simpático restaurante com os pés na areia de uma das praias de Ko Lhipe.
Açúcar, amendoim, manjericão, curry, gengibre e leite de côco
Quando se trata do sudeste asiático, em qualquer que seja o destino é necessário um período de adaptação, que é maior ou menor dependendo da experiência em situações extremas vividas pelo viajante: adaptação à comida; ao clima; ao banheiro (ou falta dele); à falta de conforto; e a uma longa lista de etc. Porém se o viajante passa por essa fase de adaptação, se alcança vibrar positivamente diante dos percalços da viagem e se desarma por completo dos seus pré-conceitos ocidentais, as recompensas serão certamente extraordinários.
No caso da Tailândia a comida é, sem dúvida, uma delas. Depois de se adaptar à pimenta, inimaginavelmente mais forte do que qualquer restaurante tailandês espalhado pelas maiores capitais ocidentais, e entender a lógica dos inúmeros pratos que levam açúcar, amendoim, manjericão, curry, gengibre e leite de côco, passa-se a uma fase de completa orgia gastronômica, amplificada pelos baixíssimos preços. E aí, o que parecia um simples mexido de arroz apimentado e esverdeado, revela uma quantidade de matizes e sabores gerados em forma de explosão dentro da boca que se perpetuam por um tempo incomum quando comparado a qualquer comida ocidental.
É também neste momento quando se percebe o papel que a alimentação tem dentro da sociedade tailandesa. Come-se todo o tempo, em todos os lugares, sempre acompanhado e de preferência nas barraquinhas das ruas, seja rico ou pobre. Para um turista, comer na rua tem dois pontos a favor além do desfrute gastronômico: o preço e ver como se faz.
No caso da Tailândia a comida é, sem dúvida, uma delas. Depois de se adaptar à pimenta, inimaginavelmente mais forte do que qualquer restaurante tailandês espalhado pelas maiores capitais ocidentais, e entender a lógica dos inúmeros pratos que levam açúcar, amendoim, manjericão, curry, gengibre e leite de côco, passa-se a uma fase de completa orgia gastronômica, amplificada pelos baixíssimos preços. E aí, o que parecia um simples mexido de arroz apimentado e esverdeado, revela uma quantidade de matizes e sabores gerados em forma de explosão dentro da boca que se perpetuam por um tempo incomum quando comparado a qualquer comida ocidental.
É também neste momento quando se percebe o papel que a alimentação tem dentro da sociedade tailandesa. Come-se todo o tempo, em todos os lugares, sempre acompanhado e de preferência nas barraquinhas das ruas, seja rico ou pobre. Para um turista, comer na rua tem dois pontos a favor além do desfrute gastronômico: o preço e ver como se faz.
Fotossíntese
Ko Lipe é uma pequena ilha bem ao sul da Tailândia já bem perto da Malásia. Decidimos ir para lá por indicação da nossa amiga Veridiana e conseguimos graças ao Boris. As aproximadas 24 horas que levamos para chegar até a ilha são justas e simetricamente proporcionais à beleza do lugar: areia fina e branca; bangalô de bambú de frente para o mar; água irritantemente transparente; e pouquíssimos turistas ocidentais. Aí estivemos praticamente dez dias fazendo o que todos os seres humanos deveriam fazer na maior parte do tempo que compõe nossas vidas: fotossíntese.
Tsunamis
Bangkok
É um clichê, mas é difícil fugir, Bangkok é uma dessas alucinantes metrópoles asiáticas que cresceram brutalmente – vertical, horizontal e economicamente – nos anos 90 e onde, atualmente convivem: modernidade e tradição, o urbano e o rural, desenvolvimento e pobreza. Embaixo de enormes viadutos onde correm trilhos de moderníssimos trens, existe um universo de desconexas ruas e inúmeros mercados de todos os tipos; ao lado de arranha-céus high- tecs convivem enormes e silenciosos templos budistas; e junto de monges vestidos de cor açafrão caminham adolescentes que cresceram vendo MTV com calças apertadas nos tornozelos e cabelos despenteados sobre as orelhas.
O rio Chao Phraya corta ao meio a essa deliciosa e caótica cidade asiática e é vastamente usado como um dos principais meios de transporte público urbano, sendo um exemplo de eficácia a preço justo. O rio serve como suporte de um sistema integrado por diferentes tipos de barcos, com diferentes preços dependendo do tamanho e da comodidade, que circulam entre as mesmas estações espalhadas e numeradas ao longo da margem do Chao Phraya. Desde algumas destas estações – as mais estratégicas – se pode ainda optar por tomar pequenos barcos que atravessam constantemente de um lado ao outro do rio. Não é necessário muito tempo para se perceber que é a opção mais rápida, econômica e cômoda de se locomover dentro de Bangkok e ainda serve como um respiro necessário do caótico trânsito.
Imaginem acordar numa manhã no domingo no bairro de Pinheiros e pegar um barco (levando junto uma bicicleta) para chegar pertinho do parque do Ibirapuera...
O rio Chao Phraya corta ao meio a essa deliciosa e caótica cidade asiática e é vastamente usado como um dos principais meios de transporte público urbano, sendo um exemplo de eficácia a preço justo. O rio serve como suporte de um sistema integrado por diferentes tipos de barcos, com diferentes preços dependendo do tamanho e da comodidade, que circulam entre as mesmas estações espalhadas e numeradas ao longo da margem do Chao Phraya. Desde algumas destas estações – as mais estratégicas – se pode ainda optar por tomar pequenos barcos que atravessam constantemente de um lado ao outro do rio. Não é necessário muito tempo para se perceber que é a opção mais rápida, econômica e cômoda de se locomover dentro de Bangkok e ainda serve como um respiro necessário do caótico trânsito.
Imaginem acordar numa manhã no domingo no bairro de Pinheiros e pegar um barco (levando junto uma bicicleta) para chegar pertinho do parque do Ibirapuera...
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