segunda-feira, 24 de maio de 2010
De Hanói a Saigon
O Vietnam possui basicamente uma única estrada que conecta o norte e o sul e suas duas principais cidades, Hanói e a antiga Saigon, agora Ho Chi Min em homenagem ao líder e herói nacional comunista. No meio do caminho entre elas encontramos a agradável cidade histórica de Hoi An, um pequeno vilarejo próximo ao mar. Hoi An está formada basicamente por uma dúzia de pequenas ruas onde, em cada uma de suas casas, se sobrepõem usos comerciais, residências e hoteleiros. Seus estreitíssimos terrenos condicionam essas casas a uma curiosa tipologia marcada por volumes geminados por empenas mais altas e com telhados a duas águas. Essas casas, de um ou dois andares, são formadas por mais de um volume separados por pátios que resolvem a falta de iluminação natural e servem como espaço de oração, descanso e vida coletiva. Todo o conjunto foi declarado patrimônio mundial pela UNESCO.
Mais ao Sul – e apesar dos inúmeros resorts espalhados por toda a costa Vietnamita como uma nova forma de invasão franco-americana – ainda resiste a praia de Mui Ne, uma longa extensão de areia branca ao lado da pequena vila de pescadores homônima. Nessa altura do percurso, hospedados com o pé na areia de frente para o mar e contagiados por uma profunda e saborosa preguiça, já nos sentíamos completamente seduzidos pelo país e em especial pela elaborada culinária. Até este momento não tínhamos conseguido nos decidir entre qual era a melhor, se a comida Tailandesa ou a Vietnamita, entretanto, foram decisivos para o veredito a favor da última, a comida de rua de Hoi An e a lagosta e o camarão na brasa por preços irrisórios em Mui Ne.
Ao chegarmos à vibrante Saigon – marcada por uma difusa e divertida mescla entre Lênin, Confúcio e Belle Epoque – ficou definitivamente evidente a diferença de caráter entre o Norte e o Sul. A energia positiva acumulada progressivamente ao longo do percurso Norte / Sul só foi quebrada com a visita ao museu dedicado à Guerra contra os Estados Unidos. Apesar de o museu ser administrado pelo Partido Comunista e, portanto completamente parcial, expõe de forma muito dura as atrocidades de uma guerra carente de sentidos.
Sapa
A característica mais evidente dos Muongs e os Dzay é a vestimenta, suas jóias, penteados e adereços. Em ambos os casos o foco de atenção são os inúmeros bordados com motivos geométricos abstratos. Além de um modo de vida simples e rudimentar ao redor do cultivo de arroz, as roupas são os únicos rasgos permanentes. É muito provável que a mantenham, como forma de identificar-se coletivamente, mas também como estimulo ao turismo local, tanto o nacional como o estrangeiro, oriundos principalmente do Japão, China e França.
A diferença mais visível entre as duas etnias predominantes está no penteado e arranjos de cabelo. As mulheres Muongs utilizam cabelos muito compridos enrolados ao redor da cabeça e presos por um garfo de metal formando assim uma base para um pequeno chapéu cúbico, ou utilizam apenas um pano xadrez com cores fortes. Esteticamente mais impactantes são os enormes tecidos vermelhos com pingentes metálicos que escondem completamente seus cabelos.
O artesanato local, comercializado através diversos mercados ao ar livre repartidos entre os principais vilarejos, é evidentemente um dos negócios mais rentáveis da região e provavelmente uma das fontes de ingresso mais importantes das minorias étnicas que o produzem. A tal ponto, de que rapidamente as peças mais buscadas como bolsas, faixas e calças, serem adaptadas – pelos próprios artesãos – a moldes, números e design ocidentais, organizando, através do artesanato, uma interessante e complexa rede de influências e relações culturais.